Mostra Caravaggio 2025 traz obras raramente vistas

Exposição apresenta 24 pinturas do artista e lança novas luzes sobre a genialidade que revolucionou a arte barroca.

C042-25BMartírio de Santa Úrsula é considerada a última pintura de Caravaggio.

Além dos atrativos históricos e gastronômicos de Roma, os viajantes agora têm um novo e irresistível motivo para visitar a cidade nos próximos meses: a exposição “Caravaggio 2025”, em cartaz no Palazzo Barberini até o início de julho. Antes mesmo de sua abertura oficial, a mostra já havia alcançado um feito impressionante — mais de 60 mil ingressos vendidos antecipadamente — refletindo a magnitude de Michelangelo Merisi, o Caravaggio (1571–1610), um dos maiores expoentes do barroco e um artista que transformou radicalmente a história da arte ocidental.

Com curadoria de Francesca Cappelletti, Maria Cristina Terzaghi e Thomas Clement Salomon, a exposição reúne 24 pinturas, muitas delas raramente vistas pelo público. Entre os destaques está “Ecce Homo”, obra-prima emprestada pelo Museu do Prado, que será exibida na Itália pela primeira vez em 370 anos. Outra peça notável é o “Retrato de Maffeo Barberini”, redescoberto recentemente após seis décadas. Também integra a seleção a primeira versão de “A Conversão de São Paulo”, pertencente a uma coleção privada, peça de grande valor na trajetória do pintor.

A mostra oferece ao visitante um mergulho profundo na revolução estética promovida por Caravaggio, que rompeu com os ideais clássicos do Renascimento e inaugurou uma linguagem dramática e visceral, marcada pelo uso intenso do claro-escuro. Suas telas, impactantes e realistas, exploram os contrastes entre luz e sombra para revelar não apenas formas, mas emoções humanas em sua expressão mais crua. A exposição vai além da exibição das obras: propõe uma leitura que evidencia o impacto social e religioso de sua produção, demonstrando como Caravaggio desafiou normas, quebrou convenções e influenciou gerações de artistas.

Pinturas vindas de museus e coleções privadas compõem essa experiência imersiva e rara. “Baco Doente”, da Galleria Borghese, ilustra o início da carreira do artista em Roma, enquanto “David com a Cabeça de Golias” traduz um momento íntimo de angústia e redenção. “Santa Catarina de Alexandria”, cedida pelo Museu Thyssen-Bornemisza, será exibida ao lado de “Marta e Maria Madalena”, do Instituto de Artes de Detroit, ambas reunidas em um diálogo simbólico com “Judite e Holofernes”. Segundo Francesca Cappelletti, diretora da Galleria Borghese e cocuradora da mostra, os empréstimos excepcionais, sobretudo os vindos da própria Borghese, sustentam a narrativa cuidadosamente desenhada para a exposição.

O percurso se encerra com uma obra fundamental: “Martírio de Santa Úrsula”, considerada a última pintura de Caravaggio, criada pouco antes de sua morte e cedida pelo Intesa Sanpaolo. Mais do que uma reunião de obras-primas, “Caravaggio 2025” revela novas camadas da genialidade do pintor, proporcionando um olhar inédito sobre seu legado e permitindo que sua arte seja vivenciada de forma intensa, profunda e, talvez, como nunca antes.